“-Vivien é nome de mulher.”
“-Sim, minha mãe tinha tanta certeza que viria uma menina,
que foi logo escolhendo o nome.”
Esse diálogo marca o primeiro encontro entre o doutor Alfred
Blalock (Alan Rickman) e o humilde
carpinteiro negro Vivien Thomas (Mos Def), em fevereiro de 1930. Thomas era um
excepcional trabalhador, mas foi demitido por causa da crise, ou “grande
depressão”, que começava a prejudicar os trabalhadores dos EUA.
Noivo, e
pensando em se casar o quanto antes, o jovem carpinteiro (na época com 20 anos)
ficou interessado em uma vaga de faxineiro em um laboratório de pesquisas
médicas comandado pelo médico Alfred Blalock. Após breve entrevista, ele é
contratado e tem como principal função cuidar dos cachorros que
serão usados em experimentos nas mesas cirúrgicas.
Só que não demora muito para Thomas se interessar por algo a mais além das faxinas. Obcecado pela medicina, ele começa a ler os livros do
laboratório, quando não tem ninguém por perto, e a fazer anotações em seu
caderno. Um dia, muito distraído, mergulhado em um livro, ele não se
dá conta que Blalock está o observando e é pego de surpresa, tentando disfarçar
o inconveniente de estar bisbilhotando os materiais do doutor.
O médico,
instigado com a curiosidade e interesse do empregado pela medicina, começa a fazer
pequenos testes com ele, como, por exemplo, testar sua memória em relação aos
aparelhos hospitalares e testar suas habilidades com o manuseio de equipamentos
médicos. Vendo que seu subordinado é extremamente eficiente com o bisturi e que
está aprendendo medicina apenas com os livros, Blalock lhe nomeia como seu novo
assistente e não demora muito para que Thomas já esteja operando os cachorros
do laboratório.
Sonhando em fazer uma faculdade de medicina, Vivien Thomas
vê seu sonho naufragar quando o banco onde ele guardava todas as suas economias
fecha e quando descobre que sua mulher está grávida.
Em 1941, após um trabalho de sucesso em relação a choques
traumáticos, o doutor Alfred Blalock se torna chefe de cirurgia do conceituado
hospital Johns Hopkins e aceita a proposta com uma condição: levar Thomas junto
como seu assistente. Os dois já são muito amigos e a cada dia que passa os dois se tornam uma dupla de trabalho inseparável. Mas nem tudo são flores.
Thomas, por ser negro, sofre muito preconceito, tendo que entrar no hospital
pela porta dos fundos para não ser barrado pelos guardas.
Logo depois de assumir o comando do setor cirúrgico, Blalock se depara com o maior desafio de sua vida: encontrar um tratamento eficaz para
a “síndrome do bebê azul”. Essa síndrome origina uma deformidade no coração dos recém
nascidos, criando uma obstrução entre as artérias e o pulmão das crianças,
deixando-as a cada dia que passa com uma cor azul, até levar a morte, por falta
de irrigação sanguínea. Na época, os médicos descartavam uma intervenção
cirúrgica por dois principais motivos: até então não existia cirurgia cardíaca
confiável e o coração e as artérias dos bebês eram muito frágeis.
Mas Alfred Blalock e Vivien Thomas mergulharam fundo nas
pesquisas e, juntos, criaram uma técnica capaz de salvar as crianças. Através
de um método totalmente novo, a dupla conseguiu encontrar uma solução para a
síndrome. Foram anos de testes em cães, até que, finalmente, em 1944, puderam
aplicar a técnica em um bebê doente.
A primeira operação cardíaca aconteceu em
29 de novembro de 1944, em uma sala cirúrgica no Johns Hopkins repleta de
médicos conceituados, além dos diretores do hospital. Para a operação, Alfred
Blalock selecionou diversos médicos para o ajudarem. Só que Thomas não poderia
participar, pois não era médico formado. Blalock, no entanto, quebrou as regras e,
pouco antes da operação começar, chamou seu assistente e exigiu sua presença na sala de
cirurgia, dizendo: “não conseguirei sem você”. A cirurgia é realizada com
sucesso. Thomas praticamente guia Blalock, para o espanto de todos os médicos
ali presentes. Após a operação, todos comemoram o sucesso do procedimento e
definitivamente o Hospital Johns Hopkins entra para a historia mundial, ao
realizar a primeira cirurgia cardíaca do mundo.
Após o acontecido, Alfred Blalock se torna famoso
mundialmente, enquanto seu parceiro é esquecido e obrigado a arranjar outro
emprego para sustentar sua família. Apenas em 1968 Vivien Thomas é lembrado. Os
cirurgiões treinados por Thomas encomendaram uma pintura de seu retrato e o
colocaram ao lado do retrato de Alfred Blalock, no lobby do Hospital Johns
Hopkins, onde ficam os retratos dos médicos mais importantes que já passaram
por lá.
E em 1976, após 37 anos de trabalho, Thomas é agraciado com
um doutorado honorário em Doutor em Leis e nomeado professor na Escola de
Medicina como instrutor de cirurgia. Ele faleceu em 1985, por causa de um
câncer. Já Alfred Blalock faleceu em 1964 após sofrer uma parada cardíaca.
Retrato real, de Alfred Blalock e Vivien Thomas, no Hospital Johns Hopkins |
O filme é baseado em uma história real. A “grande depressão”, a síndrome do bebê azul, a técnica da primeira
cirurgia cardíaca realizada, são todos acontecimentos reais. O filme é fiel e
mostra a realidade do preconceito sofrido por Thomas, mas também mostra a
superação dele e a insistência e confiança de seu amigo e mentor Alfred
Blalock. Se não fosse a insistência de Blalock em manter seu assistente por perto e
ensiná-lo, provavelmente a medicina teria perdido muito tempo. O médico passou
por cima do preconceito da época e, mesmo ouvindo piadinhas e críticas de
amigos próximos, apostou, e apostou certo, em Vivien Thomas. Por outro lado,
Thomas não se deixou abater e sempre seguiu em frente com seu sonho de se
tornar médico. Mas, mais importante do que se tornar médico, foi a criação da
técnica que salvou milhares de bebês que morreriam aos poucos se ninguém tivesse
a coragem de mexer em seus corações. Um filme emocionante. Os atores são muito bons, o ambiente e o roteiro são perfeitos.
Eu, particularmente, admiro muito os filmes que são baseados em fatos reais. Além de retratar um cenário real, esses tipos de filmes são como livros de história na telona. Claro que sabemos que nem sempre a história é fiel ao que realmente aconteceu. Ainda mais quando o filme é americano. Eles gostam de distorcer a realidade e muitas vezes aumentar suas façanhas ou esconder seus deslizes. Mas, pesquisando, além do filme, pude chegar à conclusão que a maioria das informações contidas no filme é verdadeira. Desde a relação entre os médicos, até a síndrome do bebê azul e ao procedimento cirúrgico inédito. Há relatos de intervenções cirúrgicas cardíaca antes da época do filme, mas, cirurgia cardíaca em bebês foi algo inédito que Alfred Blalock e Vivien Thomas, juntos, conseguiram após anos de pesquisas e testes em animais. A divisão entre brancos e negros é outro fato real que o filme ilustrou muito bem. Apesar de ser americano, o longa em momento algum escondeu o preconceito dos americanos para com seu próprio povo negro. Pelo contrário, esse preconceito é parte importante do filme e da história dos dois amigos. Portanto, o filme é fiel à história, tirando alguns fatos que não podemos afirmar que realmente aconteceu. Mas esses fatos são minúsculos comparado ao enredo do filme e à importância destes dois americanos para a medicina moderna.
Eu, particularmente, admiro muito os filmes que são baseados em fatos reais. Além de retratar um cenário real, esses tipos de filmes são como livros de história na telona. Claro que sabemos que nem sempre a história é fiel ao que realmente aconteceu. Ainda mais quando o filme é americano. Eles gostam de distorcer a realidade e muitas vezes aumentar suas façanhas ou esconder seus deslizes. Mas, pesquisando, além do filme, pude chegar à conclusão que a maioria das informações contidas no filme é verdadeira. Desde a relação entre os médicos, até a síndrome do bebê azul e ao procedimento cirúrgico inédito. Há relatos de intervenções cirúrgicas cardíaca antes da época do filme, mas, cirurgia cardíaca em bebês foi algo inédito que Alfred Blalock e Vivien Thomas, juntos, conseguiram após anos de pesquisas e testes em animais. A divisão entre brancos e negros é outro fato real que o filme ilustrou muito bem. Apesar de ser americano, o longa em momento algum escondeu o preconceito dos americanos para com seu próprio povo negro. Pelo contrário, esse preconceito é parte importante do filme e da história dos dois amigos. Portanto, o filme é fiel à história, tirando alguns fatos que não podemos afirmar que realmente aconteceu. Mas esses fatos são minúsculos comparado ao enredo do filme e à importância destes dois americanos para a medicina moderna.
Ficha técnica:
Nome original: Something the Lord Made (Quase Deuses no Brasil)
Atores
principais: Mos Def (Vivien Thomas); Alan Rickman (Alfred Blalock).
Ano: 2004
Duração: 1h50
Diretor: Joseph Sargent
Prêmios: Três "Emmy Awards", em 2004 (Melhor Filme feito para Televisão, Melhor Fotografia e Melhor Edição). Um "Directors Guild of America Award", em 2005 (Melhor direção). Um "Writers Guild of America Award ", em 2005 (Melhor Roteiro). Um "NAACP Image Award", em 2005 (Melhor Filme para Televisão). Um prêmio Peabody (2005).
Prêmios: Três "Emmy Awards", em 2004 (Melhor Filme feito para Televisão, Melhor Fotografia e Melhor Edição). Um "Directors Guild of America Award", em 2005 (Melhor direção). Um "Writers Guild of America Award ", em 2005 (Melhor Roteiro). Um "NAACP Image Award", em 2005 (Melhor Filme para Televisão). Um prêmio Peabody (2005).
OBS: Baseado em fatos reais
Trailer:
Trailer:
Amei esse filme, e vou vê-lo novamente.👏👏👏👏
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