"Pense num dia qualquer, e o subtraia, e veja que, sem ele, sua vida teria um rumo inteiramente diferente. Faça uma pausa, você que lê estas palavras, e, por um momento, pense na imensa corrente de ferro ou de ouro, de espinhos ou flores, que talvez jamais o tivesse encadeado, não fosse a formação do primeiro elo de um dia memorável." (Charles Dickens).

segunda-feira, 22 de junho de 2015

O Último Rei da Escócia



Entre 1971 e 1979, Uganda, país Africano, sofreu com o regime ditatorial de Idi Amin Dada. O ditador foi responsável por um governo cruel, que matou milhares de pessoas. Uganda conquistou sua independência do Reino Unido em 1962 e passou a adotar um regime presidencialista, pelo menos no papel. Após um golpe de Estado, Amin assumiu as rédeas do país. Em meio a corrupção, o presidente fez de tudo para calar os adversários, encobrir suas falcatruas e driblar a opinião pública.

No filme “O último Rei da Escócia”, a vida pública e pessoal de Amin é retratada de uma forma muito criativa. Através da história fictícia do Doutor Nicholas Garrigan (James McAvoy), as barbáries de Amin (Forest Whitaker) são mostradas detalhadamente em mais de duas horas de filme.

Recém formado em medicina, Nicholas tem o desejo de fazer algo grandioso e decide viajar para Uganda, para trabalhar como médico voluntário em uma comunidade local. Só que ele chega em uma péssima hora no país Africano: durante o golpe militar. Em meio ao golpe, o país se transforma em um caos e os hospitais, precários, estão lotados de pacientes.

O médico começa seu trabalho com muito empenho e logo conquista a simpatia dos moradores, por ser atencioso e eficiente. Até que um acontecimento muda o destino da vida do médico. Idi Amin Dada visita a comunidade e seu discurso encanta Nicholas Garrigan, que simpatiza com o novo presidente de Uganda.

Ao voltar para a Capital, Amin sofre um acidente de carro nos arredores da comunidade e Nicholas é incumbido para tratar os leves ferimentos do ditador. Durante os cuidados do médico, Amin simpatiza com Nicholas e os dois se tornam amigos. Tempo mais tarde, o governante o convida para ser seu médico particular. Apesar de surpreso e com um certo medo, Nicholas aceita e se muda para a Capital.

Com o passar do tempo, os dois ficam ainda mais próximos. Nicholas se torna, além de médico, o braço direito e conselheiro de Amin e começa a se envolver com questões políticas. Cada vez mais infiltrado no governo do ditador, Nicholas começa a ver as atrocidades cometidas pelo governante e fica indignado, a ponto de largar tudo e querer ir embora.


Só que Amin o mantém no país, confiscando seu passaporte e fazendo ameaças ao médico. A partir dai, Nicholas se vê em um beco sem saída e chega a conclusão que está lidando com um monstro. 

Pelo papel do tirano, o ator Forest Whitaker ganhou o Oscar de melhor ator. Justíssimo. Whitaker encarnou o ditador de uma forma tão profunda que determinados momentos do filme parecem que são reais. James McAvoy não ficou muito atrás, mas o Doutor Nicholas Garrigan foi um personagem inventado, diferente de Idi Amin Dada. A responsabilidade em interpretar alguém que de fato existiu e ainda por cima alguém tão cruel e complexo quanto um Ditador é enorme. Mas o filme foi muito bem feito, muitas vezes ao estilo documentário, e o diretor soube aproveitar esses elementos e o talento do protagonista. Esses filmes, que procuram relatar algum momento histórico, são como livros de história e devem ser apreciados, assistidos, indicados, enfim, compartilhados. 

Ficha:

Nome original: The Last King of Scotland 
Ano: 2006
Diretor: Kevin Macdonald
Gênero: Drama
Atores principais: Forest Whitaker (Amin); James McAvoy (Nicholas).
Idioma: inglês e suaíli
Duração: 2h08


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